A Filosofia
Durante as práticas temos como base os oito membros do caminho da auto-transcendência:
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1) Disciplina (Yama)
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A disciplina está relacionada com a ética moral, seguindo os princípios:
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Não-violência (ahimsa): em pensamentos e ações. O desejo de não fazer mal a si próprio e a outro ser nasce do impulso de unificação e de transcendência do ego, o qual vive, caracteristicamente, em guerra consigo mesmo.
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Veracidade (sathya): está relacionado com a verdade interior, que não cria desequilíbrios e manifestações egóicas.
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Não roubar (asteya): liga-se de perto à não-violência, uma vez que o ato de apropriar-se de coisas de valor sem autorização do proprietário é uma violência contra a pessoa de quem essas coisas são roubadas.
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Castidade (brahma charya): recolhimento da energia vital como princípio de crescimento interior. Desenvolvimento sexual num aspecto tântrico. Não só o aspecto sexual, mas o autocontrole dos desejos físicos.
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Não cobiçar (aparigraha): desapegar dos bens materiais. Valorizá-lo mais não sofrer pela perda ou pela falta.
2) Auto-Controle (Niyama)
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Está relacionado com o controle da energia psicofísica liberada pela prática regular da disciplina moral. Os elementos do autocontrole dizem respeito à vida interior.
Servem para harmonizar o relacionamento de si com os outros seres, com a vida em geral e com a realidade transcendental.
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3) Postura (Asana)
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Desde que fomos gerados assumimos uma postura na vida. Seja ela uma postura física ou ética.
As posturas da yoga trabalham em todas as dimensões do corpo-mente-espírito, contraindo e relaxando os sistemas esqueléticos, musculares, cardiovasculares, digestivos, glandulares e nervosos. Ajuda a cultivar a concentração e a calma. Cada postura que adotamos diariamente na vida, seja ela interior (mental, atitude) ou exterior (postura física), pode beneficiar ou prejudicar esses sistemas.
Quando assumimos uma postura correta e harmônica, através das práticas de asanas e pranayamas, rejuvenescemos o corpo e aumentamos a longevidade.
Através das posturas de yoga, adquirimos também um corpo saudável, forte, flexível, ágil, resistente e harmonioso pelo caminho de uma prática espiritualizada de ação.
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4) Controle da Respiração (Pranayama)
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O controle da respiração através das técnicas de pranayamas é a maneira mais evidente pela qual os iogues ou yogins procuram influenciar o campo bioenergético do corpo. A idéia da bioenergia se encontra em muitas culturas: os chineses chamam de chi, os japoneses de ki, os polinésios de mana, os ameríndios de orenda, os pesquisadores modernos de bioplasma.
Na yoga chama-se prana. Tem sido traduzido como “respiração”. Na verdade, a palavra sânscrita ‘prana’ significa ‘força vital’ ou ‘energia vital’.
Através do controle da respiração associado à concentração, a força vital corpo-mente pode ser estimulada e dirigida. Em geral, é dirigida para os centros energéticos visando o equilíbrio psicofísico.
“Respiração é Vida. Aquele que controla a respiração controla a vida.”
“Prana, o sopro vital, é nascido no Ser. Como uma pessoa e sua sombra, o Ser e o Prana são inseparáveis. Prana entra no corpo no nascimento, mas não morre com o corpo.” – Prana Upanishad
“Quando a respiração está controlada, a mente está controlada”. – Charakha Samhita
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5) Recolhimento dos Sentidos (Pratyahara)
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Estão relacionados com:
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o olhar e os olhos;
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o escutar e os ouvidos;
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o cheirar e o nariz;
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o tocar e a pele;
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o paladar e a língua.
Percebemos que eles estão relacionados com o mundo externo. Experenciamos a vida através dos sentidos.
As experiências sempre trazem um resultado que pode ser interpretado como agradável ou desagradável.
Através das práticas yogues, podemos recolher os sentidos com o intuito de apenas observarmos as experiências, sem deixar que o ego julgue bom ou ruim.
O não julgar é que gera o aprendizado. Ao recolher os sentidos temos uma percepção maior do mundo interior. Controlando os sentidos é possível ter uma vida mais equilibrada e com paz, pois muitas vezes somos manipulados pelos nossos próprios sentidos.
Uma imagem ou um cheiro irresistível muitas vezes já são o suficiente para nos tirar a concentração. Entretanto, nem sempre é possível vivenciar os desejos na hora que eles aparecem. E quando isso não acontece o que acontece: Muitas vezes surge uma irritabilidade, um nervosismo.
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6) Concentração (Dharana)
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É o estado de plena atenção integrando todo o Ser num único ponto e objetivo, onde a mente permanece imóvel em um constante equilíbrio das suas ondas. A concentração yogue é um estado de alta energia e constante estado de alerta.
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7) Meditação (Dhyana)
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A meditação é uma prática no qual o indivíduo busca a unidade, a totalidade, o estado de paz, felicidade e transcendência.
Com a união da percepção não-dualista e a concentração natural podemos chegar ao estado meditativo. Quando desapegamos dos pensamentos confusos, das preocupações, de toda negatividade é que passamos a vivenciar o momento presente, consciente dele, uno com tudo e em paz consigo mesmo.
Ao meditar encontramos dentro de nós o equilíbrio e o grande poder de Deus, passando a manifestar a nossa Divindade e a sabedoria interior.
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8) Êxtase (Samadhi)
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Êxtase é o absoluto estado de identidade com o momento presente, onde não existe passado nem futuro. O êxtase acontece quando existe concentração (estar no próprio centro) suficiente.
Através das práticas das diversas fases e tipos de êxtase adquirimos o estado de identidade com o si mesmo ou de Ser-Consciência transcendente.
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A yoga clássica diferencia o samadhi da seguinte maneira:
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Viutthana citta: consciência desperta ordinária;
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Pratyahara: reconhecimento dos sentidos;
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Dharana: concentração;
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Dhyana: meditação;
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Savitarka samapatti: consciência acompanhada da cognição;
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Nirvitarka samapatti: consciência além da cognição;
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Savicara samapatti: consciência acompanhada de reflexção;
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Nirvicara samapatti: consciência além da reflexção;
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Nirananda samapatti: consciência além da felicidade;
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Sasmita samapatti: consciência acompanhada da noção do “eu”;
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Nirasmita samapatti: consciência além da noção do “eu”;
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Asamprajnata samadhi: êxtase supraconsciente;
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Dharma megha samadhi: êxtase da “nuvem do dharma”;
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Kaivalya: libertação.